sexta-feira, maio 23, 2008

[Música, séries] - Breve História do Jazz - (17) - "Tudo é Jazz!"



Com a mudança da geografia do jazz para Chicago, esse estilo musical recebeu novas influências que o fizeram se distanciar cada vez mais de Nova Orleans. Como vimos no capítulo anterior, o trombone foi perdendo terreno ao saxofone e os arranjos eram constituídos de uma forma mais compacta: a separação entre as texturas do solista e do conjunto ficaram visíveis e o jazz ganhou uma maior variedade expressiva apontando para o futuro caminho das Big-Bands.
A “diáspora” para Chicago pouco tem a ver com os motivos estéticos; enquanto um músico no Sul cobrava dois dólares e meio por atuação , na nova capital do jazz um instrumentista acompanhante sacava quarenta dólares semanais.
O repertório baseado no blues e no ragtime já não seduziam os músicos na segunda metade dos anos 20; o som “branco” de Chicago bebeu na fonte da música popular americana – não somente por necessidades musicais e muito pela demanda do “novo” público formado pelas rádios e pelo aparecimento da indústria fonográfica. O jazz entrou fundo no mercado de consumo de massas e foi difícil defini-lo entre a enorme influencia que teve dentro da Cultura Popular Americana. Nos anos 20 tudo era “Jazz”!
O Primeiro filme sonoro de todos os tempos – “O Cantor de Jazz” – estrelado por Al Jolson é um exemplo disso; a trilha da película poderia ser definida como Jazz? Estava muito mais próxima da música popular do que propriamente o jazz como conhecemos. As canções clássicas de George Gershwin poderia ser classificadas nesse estilo?
Não. Porém tudo o que estava em moda – no final dos anos 20 em um país Chamado Estados Unidos da América – era chamado de “jazz”.

3 comentários:

Agnes R. disse...

Ok, o Gershwin realmente não pode ser considerado um compositor de jazz, mas, claro, fazia uso de elementos do jazz em suas composições, assim como elementos da música erudita (particularmente por influência do parceiro e irmão Ira Gershwin) e também de elementos populares. Um exemplo é a ópera "Porgy and Bess" (já nos anos 50), que oscila, em uma mesma ária, entre o canto lírico e o popular. Foi um fenômeno típico do século 20, em que a mistura do popular e erudito começou a se manifestar não só na música, como em outras formas de arte. Só aqui no Brasil tivemos o Ernesto Nazareth, Villa-Lobos, Guerra Peixe, Tom Jobim...

Continuo gostando e aprendendo muito com as suas séries. Quero ver esses textos todos reunidos em livro depois, tá?

Cito Mello disse...

Agnes!que bom receber teus comentários! Amo Gershwin e "Porgy and Bess" é uma obra maestra - justamente a ponte entre o jazz,o spiritual e a música clássica européia. Sou um defensor e entusiasta dos cruzamentos entre o erudito e o popular mas o que queria dizer no texto foi justamente essa "onda" dos anos 20 de classificar todos os gêneros da música popular americana como jazz. A-d-o-r-o seus comentários! beeijos

Agnes R. disse...

Sim, senhor Menezes, está esclarecido! Só uma autocorreção: "Porgy and Bess" foi escrita em 1934. Na década de 50 foi feita uma versão para o cinema, mas o Gershwin já estava morto há tempos... Beijo!