sábado, abril 12, 2008

[Música, séries] - Breve História do Jazz - (16) - Eddie Condon


Ao falar de movimentos artísticos muitas vezes nos limitamos a conteúdos estéticos, períodos históricos, contribuições e influencias às gerações posteriores. Arte também é comportamento e Eddie Condon foi o responsável pela aura mítica que envolve os músicos de jazz.
Antes dele, as biografias dos primeiros jazzman já apontavam o caminho trágico e romântico desses personagens que viviam a noite, amavam de dia e dedicavam as tardes às contemplações existencialistas sobre a humanidade – muito antes de Sartre. Buddy Bolden e Scott Joplin morreram esquecidos em salas de hospitais públicos.Bix Beiderbecke foi encontrado morto em uma pensão de quinta em Manhattan.
Se falássemos de méritos estritamente musicais, Eddie Condon talvez não merecesse mais de uma página na História do Jazz de Chicago.
Na segunda metade dos anos 20, o Jazz revelou-se como a música dos jovens inconformistas, dispostos a encarar a vida com excesso e cinismo, sem perder o romantismo e a inocência. Scott Fitzgerald batizou essa época como a “Era do Jazz” e o Cinema – anos depois – apresentaria uma série de personagens influenciados por esse estilo boêmio; de Clark Gable a Humphrey Bogart, passando por Marlon e James Dean, essa influencia está no imaginário do “jovem rebelde” até os dias de hoje.
Eddie Condon era um bom músico de banjo, tocou com a nata dos músicos do seu tempo mas antes de tudo era um cronista e porta-voz da América que nascia. Foi o grande representante da imagem pública de “boêmio revolucionário” que o jazz aportava ao mundo e um homem “de bastidores”; através dele, músicos conseguiam melhores contratos ,enquanto outros menos conhecidos conseguiam um espaço na cena local.
Nascido em Indiana e de origem irlandesa, Eddie abandonou a escola aos 16 anos para se tornar músico profissional. Ainda jovem teve a oportunidade de tocar com Bix Beiderbecke e aos 23 anos já tinha seu próprio grupo, os “Chicago Rhythm Kings”. Entre 1928 e 1932 gravou seus primeiros discos como “band-leader” e nos anos 30 – auge das big-bands – o músico seguia com seu pequeno grupo como atração permanente da Rua 42 – o coração do jazz em Nova Iorque.
Fundou seu próprio selo nessa mesma década, divulgando nomes ainda desconhecidos do grande público. Teve sua própria casa noturna – o “Condon´s Club” – convertida em ponto de encontro de músicos e artistas em geral. Alcoólatra incurável e mestre da boemia , Eddie morreu aos 67 anos. Foi o primeiro dos últimos românticos.

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