créditos: Cartunista Braga
Na segunda metade do século XVIII, um grande contingente de negros migrou da Bahia para o Rio de Janeiro e se fixou na região das docas, Cidade Nova e Morro da Conceição. Esses negros da Bahia trouxeram um ritmo sincopado que, somado aos ritmos e danças populares da Europa, como a "schottish", a polca, a mazurca e a valsa, deram origem ao samba carnavalesco de hoje com seus figurinos típicos e personagens característicos.
Durante décadas em toda celebração ou ritual, os negros brasileiros se serviram das tradições africanas do ritmo e da dança para extravasar seus sentimentos de alegria e religiosidade. Essas celebrações e rituais, conduzidas pelo ritmo forte do batuque e do lundu, eram então chamadas de "samba". A palavra "samba" tem provável origem nas líguas africanas (semba em umbundo e samba em quimbundo) e seu significado pode ter variações amplas que vão desde "umbigada" até excitação e euforia.
Costuma-se dizer que "o samba nasceu lá na Bahia" e depois se propagou por todo o Brasil. Essa propagação se deu mais acentuadamente no território situado entre os estados do Maranhão e São Paulo e, em cada uma das pequenas partes desse espaço geográfico, não só pela peculiaridade das diferente etnias, mas também pelas características regionais e de miscigenação dos africanos com outros povos, o "samba" foi sofrendo alterações que resultaram numa série de outros ritmos. Na Bahia, em tempos idos, o "samba" gerou o samba-de-roda, o samba-chula, a capoeira e o bate baú. Mais recentemente, vimos o aparecimento de novas variantes do "samba" como o samba-duro, o samba-reggae e o samba-axé. No Maranhão temos o tambor-de-crioula. Em Sergipe, o samba-de-coco-. No Pará, o carimbó e em São Paulo, o samba-lenço e o samba-rural.
No Rio de Janeiro foi onde o samba, como manifestação musical urbana, mais sofreu evoluções e se tornou referência rítmica para todo o mundo. A primeira dessas transformações surgiu no final do século XIX e foi uma das mais significativas dentro de sua própria história: o maxixe. O maxixe era um ritmo novo, cativante, e se tornou uma grande coqueluche na então capital federal. Era dançado em pares e afrontava os valores morais tradicionais da época, pois o movimento de pernas entrelaçadas e o balançar das ancas chocavam a opinião pública, acostumada ao formalismo e à rigidez das danças européias. Toda a polêmica preconceituosa que se criou em torno do novo ritmo e de sua dança só serviu para difundi-lo ainda mais e trazer assim, de forma definitiva, os ritmos afro-brasileiros para o cenário urbando do Rio de Janeiro.
O maxixe, que também era chamado de tango-brasileiro, foi o primeiro ritmo a se transformar efetivamente em dança de salão e influenciar toda a música carioca feita desde então. Foi do maxixe que nasceu o primeiro disco de samba gravado no Brasil como lançamento comercial, em 1917, do samba do compositor Donga intitulado "Pelo Telefone".
Este é o link para o vídeo dessa música, interpretada pelo autor, com algumas participações especiais.
http://www.youtube.com/watch?v=cyq81SD--YAFonte: Ritmos Brasileiros - Marco Pereira.