domingo, janeiro 06, 2008

[ Música, séries ] Breve História do Jazz - (13) - Todo uma lenda



Dois meses depois de Louis Armstrong ter feito o mítico “Hot Five” (ver capítulo anterior), apareceu outro memorável registro de gravações chamado os “Hot Seven”.
Nesse disco o músico se apresenta como vocalista e outra revolução começa; Louis foi o inventor do “scat singing”, ou seja, do canto improvisado que executa a linha melódica de um instrumento; sem letra definida , somente com as sílabas evocando as notas que vão do mais alto ao mais agudo onde muitas vezes se reconstruía a melodia original.
O “scat singing” é uma técnica usada até hoje em qualquer apresentação de jazz e foi fundamental para a evolução do canto desse estilo. A influência do canto de Louis Armstrong chegou as mais diferentes gerações, de Billie Holiday a Frank Sinatra e passou por intérpretes dos mais variados gêneros.
A mudança de “Hot Five” para “Hot Seven” se dá devido a inclusão da bateria e da tuba no conjunto. Assim a banda ganharia uma sessão rítmica mais potente criando uma “parede” sonora mais sólida para as linhas melódicas da corneta e para a voz de Armstrong.
O sucesso dessas gravações e a repercussão que teve dentro do mundo do jazz não mudou a situação econômica de Louis, que continuava trabalhando para grupos e orquestras como músico de apoio; era admirado pelos músicos mas ainda desconhecido para o grande público.
Sua sorte mudou no dia em que trabalhava como cornetista para um espetáculo da Broadway onde Louis tinha um pequeníssimo número como vocalista. Sua mínima participação como cantor foi o bastante para chamar a atenção dos críticos do New York Times que disseram que “um membro anônimo da orquestra era o que havia melhor no espetáculo”. Depois das críticas ganharem os jornais no dia seguinte, os produtores do Musical colocaram o músico cantando de pé, em frente ao público, em primeiríssimo plano. Era o seu habitat natural. Armstrong jamais deixaria os palcos do mundo. Foi convidado a gravar um disco solo e o resto é História. Nunca mudou a receita do sucesso que lhe daria fama mundial e estabilidade econômica: exposição melódica da música no trompete + parte cantada + solo de trompete. Armstrong seguiu como embaixador do jazz nos quatro cantos do planeta e uma das figuras mediáticas mais freqüentes do imaginário popular do século XX. Todo uma lenda.

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