quarta-feira, junho 27, 2007

[notícias] "Existem crimes piores"

Da Folha de São Paulo:

O microempresário Ludovico Ramalho Bruno, 46, disse acreditar que o filho Rubens Arruda, 19, estava alcoolizado ou drogado quando participou do espancamento da empregada doméstica Sirlei Pinto. "Uma pessoa normal vai fazer uma agressão dessa?", perguntou ele após ter sido vítima de um tiroteio na delegacia. Dono de uma firma de passeios turísticos marítimos, Bruno afirmou que o filho não deveria ser preso, para não conviver com criminosos na cadeia. "Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi.
Não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos... Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? Existem crimes piores." Se forem indiciados, os acusados vão responder por tentativa de latrocínio (pena de 7 a 15 anos de prisão em caso de condenação) e lesão corporal dolosa (de 1 a 8 anos de prisão).

O sr. acredita na acusação contra seu filho?
Ludovico Ramalho Bruno - Eles não são bandidos. Tem que criar outras instâncias para puni-los. Queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa nisso. Eles cometeram erro? Cometeram. Mas não vai ser justo manter crianças que estão na faculdade, estão estudando, trabalham, presos. É desnecessário, vai marginalizar lá dentro. Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi. Não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos... Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? Existem crimes piores.

O sr. já falou com ele?
Bruno - Não. É um deslize na vida dele. E vai pagar caro. Está detido, chorando, desesperado. Daqui vai ser transferido. Peço ao juiz que dê a chance para cuidarmos dos nossos filhos. Peguei a senhora que foi agredida, abracei, chorei com ela e pedi perdão. Foi a primeira coisa que fiz quando vi a moça, foi o mínimo que pude fazer. Não é justo prender cinco jovens que estudam, que trabalham, que têm pai e mãe, e juntar com bandidos que a gente não sabe de onde vieram. Imagina o sofrimento desses garotos.

O sr. acha que eles tinham bebido ou usado droga?
Bruno - Estamos com epidemia de droga. A droga tomou conta do Brasil. O inimigo do brasileiro é a droga. Tem que legalizar isso. Botar nas farmácias, nos hospitais. Com esse dinheiro que vai ser arrecadado, pagar clínicas, botar os viciados lá, controlar a droga.

Mas o sr. acha que eles poderiam estar embriagados ou drogados?
Bruno - Mas é lógico. Uma pessoa normal vai fazer uma agressão dessa? Lógico que não. Lógico que estavam embriagados, lógico que podiam estar drogados. Eu nunca vi [o filho usar droga]. Mas como posso falar de um jovem de 19 anos que está na rua numa epidemia de droga, com essas festas rave, essas loucuras todas.

Como é o seu filho em casa?
Bruno - Fica no computador, vai à praia, estuda, trabalha comigo. Uma pessoa normal, um garoto normal.

[Reação 1: Ficar chocada e pensar no tipo de educação que esse moleque deve ter recebido. Reação 2 (depois de ler a seguinte notícia na Folha): Entender que, se deputados que matam gente com motossera não vão para a cadeia, um pai não queira que seu filho sofra essa punição. É o exemplo que vem de cima...]

3 comentários:

Unknown disse...

Sou pai e não quero ser injusto com ninguém, mas se não acompanhamos com quem nossos filhos andam, corremos o risco de enfrentarmos esse tipo de situação. Desculpe Sr. Ludovico, mas o sr. deveria ter cuidado de seu filho antes. Agora ele está sendo cuidado pela justiça.

Nina Guimarães disse...

É Across, eu concordo com você. Foi o primeiro que eu pensei quando vi este pai dizer: "existem crimes piores". Que tipo de educação esse garoto recebeu se tem um pai que pensa que espancar e assaltar uma empregada doméstica não é um crime hediondo? Coloquei o comentário no final, porque na mesma Folha de S. Paulo havia outra notícia de uma deputado que matou seu opositor e ainda não recebeu nenhuma punição. Não é um pouco compreensível que o pai queira que seu filho não vá pra cadeia?

Anônimo disse...

Across falou e disse