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Esses dias, grande presença na goma: Pablo Julio. Veio nos presentear com sua visita. Para desfrutar, resolvemos ver um filme.
Fui até o meu HD onde está a filmoteca piratexious 3.8 e escolhi, baseado em comentários escutados no universo indy, As Virgens Suicidas, de Sophia Coppola.
A introdução do filme mostra o drama da caçula de cinco filhas de uma família opressora. Até que esta se suicida. Um início que deixava o filme com muitas possibilidades de tocar a sensibilidade humana. Ia por um bom caminho.
Daí em diante a protagonista vira a outra filha, Lux, e o seu romance com o quarterback do time de futebol da escola, Trip Fontaine. Além de “jock” e doidão (maconheiro), é o sonho de consumo de todas as meninas da escola. Todas menos uma: Lux.
Alguém adivinha o que acontece? Ele fica louco por ela. Claro. E aparentemente de verdade. Pois S.Coppola deixa claro sua intenção de fazer o espectador acreditar na sinceridade do seu amor por fazer o rapaz ficar ababacado e nervoso sempre que se aproxima de Lux.
Essa veracidade parece ratificar-se no momento que o cara pede, com expressões e sentimentos intensos, a permissão do pai da garota para leva-lá ao “prom”, o baile de final de ano das escolas dos Estados Unidos.
De passagem, no meio de uma partida de futebol americano, o quarterback comenta com seus companheiros de time que tem três gatas precisando de acompanhantes para o baile. Yeaaaaah!
Nesse momento o filme tinha um sabor de flashback. A quantidade de clichês e estereótipos, me remetiam à minha casa na 711 sul de Brasília onde, criança, acompanhava a memorável Sessão da Tarde da TV Globo.
De volta a este século(!), pensei com os meus dreads: “Como este filme pode ser tão aclamado?!!” E conclui: “Já sei! Ela vai matar as outras filhas no fim. Voltará o clima triste e melancólico do início e essa é a sensação que ficará. Fechou. Maior galera sairá por aí dizendo que é pura poesia.”
Pra terminar a história, no fim do baile, o galã manda a vara na menina e vaza. Não deixa nem o da passagem de ônibus. Ela, pobre, fica lá, adormecida, abandonada, descabaçada e desiludida no terreno do adversário, o campo de futebol.
Então a trama volta ao clima inicial, depressão dentro de casa. O que resolve de maneira interessante, embora previsível, o filme.
Ah! O galã doidão e farrista, que lembrem-se se chama Trip, vira um interno de uma clínica de drogados, de uma casa de vagabundos ou coisa parecida.
Sobraram discussões para depois do filme. O amigo
Gustavo Berocan ressaltou a sensibilidade que a obra trata o tema do suicídio. Realmente esta é a parte que faz refletir.
No entanto, o uso de tantos clichês não me convence. E não concordo com o argumento de que estão ali para criticar a sociedade daquele país. Pois o filme não se propõe a satirizar situações e personagens bobos e estereotipados. Mas sim combater um conservadorismo exagerado.
Depois das interferências de Nina e Pablo, cheguei à conclusão pessoal de que o filme tem um meio super “enlatado” e um abre e um fecho com potencial. Não diria bons pois essa era uma das perguntas queria lançar:
Pode um filme ser considerado bom por uma parte, mesmo as outras sendo ruins? Você que viu o filme, o que acha? To falando merda? Sou um ranzinza? Um preconceituoso? Ou simplesmente não entendo nada de nada?