sexta-feira, novembro 09, 2007
[Cine, série] Série 25 anos sem Fassbinder - "Lola"
Um Plano detalhe no belo rosto de uma mulher que se olha no espelho; uma voz masculina lhe diz; “Quem não tem um lar, nunca terá. Quem hoje está só, assim seguirá.” Ela pergunta: “Por que você só lê poemas tristes? Ele responde; “ Os poemas são sempre tristes”. A mulher se chama Lola e seu interlocutor, um músico de cabaré.
Um ano antes de morrer, Fassbinder produziu, dirigiu e escreveu “Lola”; uma estória de corrupção, amor e pós-guerra. Fascinado por personagens reais de gente real, o diretor gostava de retratar a época do “ Milagre econômico” alemão, ocorrida após a Segunda Guerra mundial.
No final dos anos 50 a Alemanha está em plena reconstrução: o funcionário estatal Von Bohn é técnico em obras públicas e é transferido para Coburg – uma pequena população em vias de modernização – com a missão de estabelecer a política de planejamento urbanística da cidade. Interpretado por Armin Mueller ,o personagem encarna a seriedade e a eficiência exigida pelos novos tempos que se anunciam. O drama se apresenta quando o respeitável burocrata se apaixona por Lola , célebre cantora e prostituta da região que é amante de Schuberck, principal especulador imobiliário local e dono do cabaré.
Lola - interpretada por Bárbara Sukowa- leva uma vida dupla: depende economicamente do amante e da prostituição mas sente a necessidade de ser amada como qualquer outra mulher. Fassbinder narra com maestria esse conflito pessoal pois apesar de sofrer por não se enquadrar no perfil da mulher que um homem "respeitável" exigiria, Lola sente que a boemia do cabaré é seu habitat natural .A elite da cidade está em alerta pois um importante projeto imobiliário está nas mãos de Von Bohn; tudo parecia seguir conforme os interesses de Schuberck até que o funcionário resolve visitar o bordel da cidade onde Lola se apresenta...e é nesse momento em que Fassbinder imortaliza a atriz Bárbara Sukowa: ao cantar o tema “Os pescadores de Capri” e ver a presença de seu amado na platéia, Lola entoa um canto rasgado, desesperado e bêbado; um épico das cenas de cabaré. Produzido em 1981, o filme levou diversos prêmios para os protagonistas em Festivais da Alemanha. No próximo capítulo, “ Um ano com treze luas”.
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Um comentário:
Quem disse que Fassbinder morreu?
Acabo de ver "Lola" e que Filme!
É como se ele tivesse vivido milênios...
Ele é tão vivo, tão mestre, tão artista.
Viva Fassbinder!!!
Jandira Costa
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