segunda-feira, março 12, 2007
[cine] - Virgens Suicidas: De virgens para virgens?
Esses dias, grande presença na goma: Pablo Julio. Veio nos presentear com sua visita. Para desfrutar, resolvemos ver um filme.
Fui até o meu HD onde está a filmoteca piratexious 3.8 e escolhi, baseado em comentários escutados no universo indy, As Virgens Suicidas, de Sophia Coppola.
A introdução do filme mostra o drama da caçula de cinco filhas de uma família opressora. Até que esta se suicida. Um início que deixava o filme com muitas possibilidades de tocar a sensibilidade humana. Ia por um bom caminho.
Daí em diante a protagonista vira a outra filha, Lux, e o seu romance com o quarterback do time de futebol da escola, Trip Fontaine. Além de “jock” e doidão (maconheiro), é o sonho de consumo de todas as meninas da escola. Todas menos uma: Lux.
Alguém adivinha o que acontece? Ele fica louco por ela. Claro. E aparentemente de verdade. Pois S.Coppola deixa claro sua intenção de fazer o espectador acreditar na sinceridade do seu amor por fazer o rapaz ficar ababacado e nervoso sempre que se aproxima de Lux.
Essa veracidade parece ratificar-se no momento que o cara pede, com expressões e sentimentos intensos, a permissão do pai da garota para leva-lá ao “prom”, o baile de final de ano das escolas dos Estados Unidos.
De passagem, no meio de uma partida de futebol americano, o quarterback comenta com seus companheiros de time que tem três gatas precisando de acompanhantes para o baile. Yeaaaaah!
Nesse momento o filme tinha um sabor de flashback. A quantidade de clichês e estereótipos, me remetiam à minha casa na 711 sul de Brasília onde, criança, acompanhava a memorável Sessão da Tarde da TV Globo.
De volta a este século(!), pensei com os meus dreads: “Como este filme pode ser tão aclamado?!!” E conclui: “Já sei! Ela vai matar as outras filhas no fim. Voltará o clima triste e melancólico do início e essa é a sensação que ficará. Fechou. Maior galera sairá por aí dizendo que é pura poesia.”
Pra terminar a história, no fim do baile, o galã manda a vara na menina e vaza. Não deixa nem o da passagem de ônibus. Ela, pobre, fica lá, adormecida, abandonada, descabaçada e desiludida no terreno do adversário, o campo de futebol.
Então a trama volta ao clima inicial, depressão dentro de casa. O que resolve de maneira interessante, embora previsível, o filme.
Ah! O galã doidão e farrista, que lembrem-se se chama Trip, vira um interno de uma clínica de drogados, de uma casa de vagabundos ou coisa parecida.
Sobraram discussões para depois do filme. O amigo Gustavo Berocan ressaltou a sensibilidade que a obra trata o tema do suicídio. Realmente esta é a parte que faz refletir.
No entanto, o uso de tantos clichês não me convence. E não concordo com o argumento de que estão ali para criticar a sociedade daquele país. Pois o filme não se propõe a satirizar situações e personagens bobos e estereotipados. Mas sim combater um conservadorismo exagerado.
Depois das interferências de Nina e Pablo, cheguei à conclusão pessoal de que o filme tem um meio super “enlatado” e um abre e um fecho com potencial. Não diria bons pois essa era uma das perguntas queria lançar:
Pode um filme ser considerado bom por uma parte, mesmo as outras sendo ruins? Você que viu o filme, o que acha? To falando merda? Sou um ranzinza? Um preconceituoso? Ou simplesmente não entendo nada de nada?
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5 comentários:
Eu vi e gostei. Por diversos fatores: pelos que você já mencionou, da delicadeza em que ela toca no tema suicídio, pela reflexão sobre os danos que o ultraconservadorismo estadounidense pode causar, pela maneira como ela fecha bem. Mesmo sabendo que todas se matam desde o princípio (o filme se chama "As virgens suicidas"!!), não deixei de me surpreender quando isso acontece. Gosto também da estética de Sophia. As cores amareladas dão um ar de época envelhecida, de álbum de fotos, que são bem a intenção do filme mesmo. E como ela trata a passagem do tempo. Tem muitas coisas positivas no filme, para mim. E, respondendo à sua pergunta, acho que, sim, um filme pode ser bom por ter um grande final depois de uma história mais ou menos (lembre-se que, neste caso, eu não acho a história mais ou menos), vide Match Point e Little Miss Sunshine.
Bom, adolescencia para mim de alguma maneira já repete vários clichês. Não é típico de adolescente você gostar justamente de quem não gosta de você? E o esquema garoto popular de escola, garota desejada, baile de formatura é meio intrínseco a sociedade-esteriótipo desse país chamdado Estados Unidos da América. O meu amigo michel ignora o que para mim é o mais importante no filme que são as reflexões que no filme aparecem narradas por um garto que era apaixonado por outra das irmãs, e seu vizinho de subúrbio burguês. O filme para mim é sobre a falência da comunidade em entender os desejos dessas adolescentes e reverter seu quadro de depressão. Depois do suicídio de todas elas é que as pessoas se põe a pensar: onde foi que eu errei?
Virgens é um clichê do começo ao fim. Como o Gustavo disse, o universo emocional adolescente por si só é "o" clichê. Sem falar no esquema família-religiosa-opressora. Até a fotografia amarelada é uma referência óbvia às fotos caseiras dos anos 70. Nada disso é problema. Não acho que os clichês possuem armas de destruição massiva. Inclusive gosto da fotografia. O lance "albúm de família" que a Nina fala traz uma onda acolhedora pra uma estória punk de suicídio coletivo. Mas no resto, eu acho que falta originalidade na leitura das coisas batidas, já que no caso desse filme elas são inevitáveis. Apesar disso tudo o filme tem seus momentos de sensibilidade e tal, que eu de fato não sei se é tudo dedo da filhinha Coppola, ou se é intrinseco da própria estória e seu contexto. Esses momentos já valem, independente de o filme como um todo não parecer grandes coisas pra mim. Por isso, titio, na onda do consumo produtivo vai demorar muito pra ver essa peli de novo.
Virgens? onde?
hahaha! O póro da sola do pé!
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