segunda-feira, dezembro 10, 2007

[Cine, série] 25 anos sem Fassbinder - "Um ano com treze luas"



“Se diz que no ano da lua , que acontece a cada 7 anos, as pessoas mais sensíveis sofrem fortes depressões. Se o ano da lua coincide com um ano de treze luas novas, essas pessoas podem sofrer grandes catástrofes pessoais”.
Assim começa “Um ano com treze luas”, a mais pessoal película de Fassbinder e diretamente influenciada pelo suicídio de seu amante, um pouco antes da produção do filme.
A estória gira em torno de “Erwin”, um homem de classe média com uma vida normal que divide seu tempo entre o trabalho e a família. Casado e com filhos, o personagem experimenta um mudança radical de comportamento quando se apaixona por um ator decadente. Em uma viagem a Casablanca, Erwin muda de sexo. Pouco depois é abandonado pelo amante e a dor da ruptura amorosa mergulha o personagem em uma longa tentativa de reconstituir seu passado até culminar na única solução possível para o presente; o suicídio. Fassbinder deixa claro que Erwin não mudou de sexo porque se sentia “mulher”; o fez somente por amor ao seu homem. O filme é uma explícita crítica as relações de poder refletidas nas relações pessoais do indivíduo na sociedade; a mesma sociedade que através dos convencionalismos exclui aqueles que optam por seguir caminhos pouco usuais.
Entre várias cenas memoráveis, destaco a de um personagem que narra um sonho freqüente; um cemitério com lápides que anunciavam vidas que não duravam mais de três anos; ao encontrar com um velho que vagava pelo local ,ele lhe pergunta porque todas as aquelas pessoas morreram tão cedo: o ancião responde que nas lápides não constam os anos de vida daquelas pessoas mas sim os anos em que cada de uma delas obteve uma relação de amizade verdadeira.
Cada cena é carregada de intensa dramaturgia com uma grande dose de teatralidade que Fassbinder acumulou nos seus primeiros anos de diretor do grupo “Anti-Teatro” de Munique. “Um ano com treze luas” é uma obra maior, afeita às sensibilidades que buscam, na linguagem cinematográfica, algo mais que um simples filme.
No próximo Capítulo, “A ansiedade de Verônica Voss”.

Um comentário:

Alex Pinheiro disse...

película embalada pela banda seminal de proto eletro punk: Suicide..alan vega e martin rev