Papai sempre foi meio poeta. Nas datas especiais, ele sempre presenteava a gente com umas lindas palavras que valiam muito mais do que os presentes reais, os que vinham em embalagens de luxo. Outro dia, acordei com esse delicado poema que ele me mandou. Me lembrou a nossa infância (minha e de minhas duas irmãs) em Minas, quando nós vivíamos em uma casa com um jardim enorme onde nós plantamos pinheiros.
"Tivemos corujinhas no jardim
Que nos olhavam curiosas ao chegarmos
Que se postavam eretas e sérias ao sairmos.
Tivemos corujinhas no jardim
Que se postavam ansiosas à volta da toca
Prenunciando a hora de chegarmos
E que, imóveis, pensativas,
Como que preocupadas com a demora
Mantinham sentinela mesmo quando tardávamos.
Tivemos corujinhas no jardim
Que nos acompanhavam com olhar demorado,
Sinalizando uma angústia que não entendíamos
Todas as vezes que deixávamos a casa.
Tivemos corujinhas no jardim
Que aproximavam arredias, a passos lentos
E em volteios,
Só lentamente deixando-se envolver
E ainda assim furtivas e fugidias
Como a temer o aconchego da entrega.
Tivemos corujinhas no jardim
Que com o tempo absorveram nossa presença
E fizeram do conviver diário
Uma rotina esperada e repetitiva
De doce equilíbrio e leveza.
Tivemos corujinhas no jardim
Que mansa e ternamente cresceram
E criaram sonhos e caminhos seus
E alcançaram vôos maiores e partiram.
E hoje, observando as tocas
Vazias dos olhares perscrutadores
E da presença diáfana e fugidia
Lembramos com saudade as corujinhas no jardim."
Bsb, Julho/06
quinta-feira, outubro 11, 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
heheh. Maneira
Maravilha!
Parabéns pro seu Papi.
Grande abraço
Saudade das corujinhas, dos pinheiros, do papai, mamae e minhas duas irmas maravilhosas... As lindas palavras sempre vem ao meu socorro... Infancia feliz, nao?
Beijos, te amo!
Tina (direto de Uganda, esse blog ta mesmo muito internacional...).
Postar um comentário