domingo, junho 10, 2007

[ Música / séries ] Breve História do Jazz (5) - Em ritmo de Ragtime



O ragtime surge aproxidamente em 1870 e foi criado por músicos creole e negros. Seu nome vem justamente do tempo sincopado que o caracteriza: “ragged time” (tempo cortado), música européia executada na tradição rítmica negra, ou seja, com swing.

Imaginemos uma música de piano tecnicamente complexa, como alguns clássicos europeus ou especialmente a polca, tocadas com um ritmo firme como o da marcha. Isso é Ragtime! Segundo o compositor Irving Berlin, “a essência da popularidade desse estilo de música vem da capacidade de captar a velocidade e energia da vida moderna americana”. Apesar de ter “swing”, o ragtime não contém improvisação e portanto não é jazz.

Se o blues rural floresceu no Mississipi e o primeiro jazz em Nova Orleães, o Ragtime vem principalmente de Missouri na virada do século XIX: cidades como Sedalia, Carthage e Sant Louis contavam com brilhantes compositores e músicos de ragtime, entre eles, um negro com uma “inquebrantável determinação de fundir a música afroamericana com as principais tradiçoes da composição ocidental”. Seu nome era Scott Joplin.

Filho de escravos liberados, desde criança já dava sinais de sua genialidade; ao acompanhar a mãe que trabalhava em serviços domésticos em casa de brancos, o pequeno Scott se metia a dedilhar o piano. Ao ver o interesse do menino pela música, a família o matricula na George Smith College, em Sedalia. É aí onde Joplin começa a escrever suas primeiras canções.

Já tinha uma boa reputação como professor de piano quando se muda a Sant Louis e começa a trabalhar como músico profissional em casas noturnas. Logo Scott já tem sua própria banda e suas primeiras composições começam a aparecer. Sua forma de execução martelando a mão esquerda quatro vezes por compasso no tempo forte enquanto a mão direita fazia acrobacias rítmicas sincopadas, dispensava qualquer acompanhamento adicional.

Na virada do século, o ragtime já era uma febre, sendo a trilha sonora de todas as dancehall, cabarés e casas noturnas da América. Scott Joplin se destacou como o mais importante compositor desse estilo que, apesar de também ter sido executado por bandas e obras vocais, teve no piano sua forma máxima de expressão.

Joplin se demonstrou mais ambicioso em seus projetos musicais e ao longo da sua carreira compôs óperas e ballets, entre elas se destaca “Treemonisha”, um verdadeiro mergulho nas raízes folclóricas negras misturada com todos os recursos existentes da ópera européia. O resultado foi desolador: uma única apresentação numa sala do Harlem, com um reparto amador e sem orquestra. Sem poder financiar a obra, Scott executou toda a música sozinho no piano. E sozinho morreu um ano depois, em 1915, vítima de paralisia cerebral ocasionada pela sífilis, num hospital público de Nova Iorque. Foi ele quem melhor impôs o swing no ragtime e sem swing não haveria o Jazz.

Em 1972 “Treemonisha” é representada na Broadway e Scott ganha um premio Pulitzer por sua contribuição à música americana.

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