segunda-feira, novembro 24, 2008
[mundo] Clique e alimente os bichinhos abandonados
Se você quiser e puder, somente entrando neste site você pode ajudar esse animaizinhos.
Enviado pela amiga Luiza Voll, uma das blogueras mais visitadas blogs em Favoritos e WebLuv
domingo, novembro 23, 2008
quarta-feira, novembro 19, 2008
Dale cumbia!
Uma das melhores coisas da minha South American tour(táááááh!)em 2007 foi ter conhecido a cumbia, ritmo de raízes colombianas, mas que se espalhou que nem chuchu por todos os países da América Latina.
Na Argentina a cumbia acabou se desenvolvendo de modo peculiar; é mais lenta e menos machacante que sua versao original, e a sanfona tem, como de se esperar, uma levada mais tanguera.
O coletivo Zizek, de Buenos Aires, produz e promove festas em que a cumbia, o reggaeton, o dancehall e os generos eletronicos se misturam e dancam, coladinhos. Pode parece estranho (especialmente se voce já escutou cumbia feita no Cone Sul), mas o resultado é uma coisa lounge-dancante, cheia de efeitos e vinhetas muy familiares e samplers e vocais que vao da distorcao à poesia.
O Zizek está dando um role por esses lados e, entre as participacoes no Womex, em Sevilha, e no Zaragoza Latin Festival, estarao essa sexta-feira tocando no Apolo (Nitsa), comandado por El Remolón, Villa Diamante e El G.
Vamos bailar?
Na Argentina a cumbia acabou se desenvolvendo de modo peculiar; é mais lenta e menos machacante que sua versao original, e a sanfona tem, como de se esperar, uma levada mais tanguera.
O coletivo Zizek, de Buenos Aires, produz e promove festas em que a cumbia, o reggaeton, o dancehall e os generos eletronicos se misturam e dancam, coladinhos. Pode parece estranho (especialmente se voce já escutou cumbia feita no Cone Sul), mas o resultado é uma coisa lounge-dancante, cheia de efeitos e vinhetas muy familiares e samplers e vocais que vao da distorcao à poesia.
O Zizek está dando um role por esses lados e, entre as participacoes no Womex, em Sevilha, e no Zaragoza Latin Festival, estarao essa sexta-feira tocando no Apolo (Nitsa), comandado por El Remolón, Villa Diamante e El G.
Vamos bailar?
quinta-feira, novembro 13, 2008
[foto] Steve Taylor - Pensando em Fotografias
Best of show
Too much
No use crying
The beginning
Nostalgia
Vote X
Time wasting
Full marks
Exploration
To be annouced
Examination
Too much
No use crying
The beginning
Nostalgia
Vote X
Time wasting
Full marks
Exploration
To be annouced
Examination
Todas fotografias:
- 12 polegadas
- Impressas em High Gloss Digi-chrome
- £250
Mais informacões e imagens AQUI
terça-feira, novembro 11, 2008
segunda-feira, novembro 10, 2008
Conheço algo de Haring e conheço a Deitch do Soho. Então, essa notícia do Cajón de Sastre me dá muy buena espina.
Se você vai escapar em dezembro a NY, já tem lugar de visita obrigatória! A Galeria DEITCH apresenta no seu espaço de Long Island, uma das mais importantes séries de KEITH HARING.
Esta série, que une o liberal ponto de vista de Haring sobre a vida com a óptica da própria Bíblia, foi criada em 1985; para a primeira exposição individual de Haring em um museu. A mostra no CAPC de Bordeaux, ofereceu a Haring a oportunidade de usar uma enorme sala, que anteriormente foi um armazém de lã. Pensando em como podia aproveitar a arquitetura do lugar, teve a idéia de criar 1o quadros em forma de tábua para que pudessem encaixar nos gigantes arcos que formam as colunas que suportam o telhado.
Alguns destes mandamentos estão interpretados deuma forma metafórica que literal. Outros, como o de “não roubará”, estão representados de maneira sarcástica e até antagônica. Todos têm em comum uma grande presença da cor vermelha, que para Haring representava o poder. Além do poder, a cor vermelha sugere no espectador comparações com o demônio, o fogo, o inferno ou inclusive, segundo a forma, o conceito de “stop”.
Esta exposição é a primeira visita desta série aos Estados Unidos; não por falta de vontade de vê-la, mas pelo dificuldade de sua exposição , já que são peças de mais de 7'5 metros,
Para dar uma olhadinha em toda série click aqui!
Até dia 21 de Dezembro.
Se você vai escapar em dezembro a NY, já tem lugar de visita obrigatória! A Galeria DEITCH apresenta no seu espaço de Long Island, uma das mais importantes séries de KEITH HARING.
Esta série, que une o liberal ponto de vista de Haring sobre a vida com a óptica da própria Bíblia, foi criada em 1985; para a primeira exposição individual de Haring em um museu. A mostra no CAPC de Bordeaux, ofereceu a Haring a oportunidade de usar uma enorme sala, que anteriormente foi um armazém de lã. Pensando em como podia aproveitar a arquitetura do lugar, teve a idéia de criar 1o quadros em forma de tábua para que pudessem encaixar nos gigantes arcos que formam as colunas que suportam o telhado.
Alguns destes mandamentos estão interpretados deuma forma metafórica que literal. Outros, como o de “não roubará”, estão representados de maneira sarcástica e até antagônica. Todos têm em comum uma grande presença da cor vermelha, que para Haring representava o poder. Além do poder, a cor vermelha sugere no espectador comparações com o demônio, o fogo, o inferno ou inclusive, segundo a forma, o conceito de “stop”.
Esta exposição é a primeira visita desta série aos Estados Unidos; não por falta de vontade de vê-la, mas pelo dificuldade de sua exposição , já que são peças de mais de 7'5 metros,
Para dar uma olhadinha em toda série click aqui!
Até dia 21 de Dezembro.
[cine] Trailer de "Comedian"
Há muito tempo atrás meu amigo Cássio me mostrou este trailer. Recentemente tentei lembrar como era numa conversa com o Baldú e já não conseguia. Como isso nunca foi postado por aqui, tomei a licença de fazê-lo mesmo sabendo que é antigo.
quinta-feira, novembro 06, 2008
[música] Conta-gotas
quarta-feira, novembro 05, 2008
[música] Conta-gotas
terça-feira, novembro 04, 2008
[música] Conta-gotas
Prezadíssimos ouvites
Itamar Assumpção
Sampa Midnight (1986)
O novo não me choca mais
Nada de novo sob o sol
O que existe é o mesmo ovo de sempre
Chocando o mesmo novo
Muito prazer
Prezadíssimos ouvintes
Pra chegar até aqui, eu tive que ficar na fila
Agüentar tranco na esquina, e por cima lotação
Noite e aqui tô eu novo de novo
Com vinte e quatro costelas
O gogó, baixo, guitarras, violão e percussão e vozes
Ligadas numas tomadas elétricas e pulmão
Já cantei num galinheiro
Cantei numa procissão
Cantei em ponto de terreiro
Agora quero cantar na televisão
Meu irmão o negócio é o seguinte
É pura briga de foice
Um jogo de empurra-empurra
Facão, tiro, chute, murro
E chamam mãe de palavrão
Sorte, não haver o que segure
Som, senhores e senhores
Mas quem é que me garante
Que mesmo esses microfones
Sempre funcionarão?
Cantei tal qual seresteiro
Cantei paixão, solidão
Cantei canto de guerreiro
Agora eu quero cantar na televisão
segunda-feira, novembro 03, 2008
[mundo] “Crime (financeiro) contra a humanidade”
Esse post eu copiei do blog irmão Pictura Pixel
Usha comentou…
Claudio, recebi esta hoje:
Pobreza globalizada
(Redação Carta Capital, 17/10/08)
Os governos dos EUA e da Europa distribuem 5 trilhões de dólares dos contribuintes para um punhado de banqueiros trapalhões e torcem para que eles pensem em consertar os estragos resultantes de suas travessuras.
Segundo o senegalês Jacques Diouf, diretor da FAO, 30 bilhões de dólares anuais – menos de 1% do valor despejado nos bancos – bastariam para recuperar a agricultura nos países pobres e evitar a fome e os conflitos que dela resultarão. Por 40 bilhões, pode-se também comprar 250 quilos de grãos para cada uma dessas pessoas, o suficiente para alimentá-las por um ano.
O escritor José Saramago tem um blog desde setembro. Esta semana ele escreveu:
Pensava escrever no blog sobre a crise económica que nos lançaram para cima quando tive que me dedicar a cumprir um compromisso com outros meios de comunicação. Deixo aqui o que penso e que já foi publicado em Espanha, no jornal Público, e em Portugal, no semanário Expresso.
Crime (financeiro) contra a humanidade
…Crimes contra a humanidade não são somente os genocídios, os etnocídios, os campos de morte, as torturas, os assassínios selectivos, as fomes deliberadamente provocadas, as poluições maciças, as humilhações como método repressivo da identidade das vítimas.
Fotos © Claudio Versiani
O artigo completo de Saramago a seguir.
Aqui a fome no Brasil. Algumas notas são contrabando, como sempre.
Crime (financeiro) contra a humanidade
A história é conhecida, e, nos antigos tempos de uma escola que a si mesma se proclamava como perfeita educadora, era ensinada aos meninos como exemplo da modéstia e da discrição que sempre deverão acompanhar-nos quando nos sintamos tentados pelo demónio a ter opinião sobre aquilo que não conhecemos ou conhecemos pouco e mal. Apeles podia consentir que o sapateiro lhe apontasse um erro no calçado da figura que havia pintado, porquanto os sapatos eram o ofício dele, mas nunca que se atrevesse a dar parecer sobre, por exemplo, a anatomia do joelho. Em suma, um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar. À primeira vista, Apeles tinha razão, o mestre era ele, o pintor era ele, a autoridade era ele, quanto ao sapateiro, seria chamado na altura própria, quando se tratasse de deitar meias solas num par de botas. Realmente, aonde iríamos nós parar se qualquer pessoa, até mesmo a mais ignorante de tudo, se permitisse opinar sobre aquilo que não sabe? Se não fez os estudos necessários, é preferível que se cale e deixe aos sabedores a responsabilidade de tomar as decisões mais convenientes (para quem?).
Sim, à primeira vista, Apeles tinha razão, mas só à primeira vista. O pintor de Filipe e de Alexandre da Macedónia, considerado um génio na sua época, esqueceu-se de um aspecto importante da questão: o sapateiro tem joelhos, portanto, por definição, é competente nestas articulações, ainda que seja unicamente para se queixar, sendo esse o caso, das dores que nelas sente. A estas alturas, o leitor atento já terá percebido que não é propriamente de Apeles nem de sapateiro que se trata nestas linhas. Trata-se, isso sim, da gravíssima crise económica e financeira que está a convulsionar o mundo, a ponto de não escaparmos à angustiosa sensação de que chegámos ao fim de um época sem que se consiga vislumbrar qual e como seja o que virá a seguir, após um tempo intermédio, impossível de prever, para levantar as ruínas e abrir novos caminhos. Como assim? Uma lenda antiga para explicar os desastres de hoje? Por que não? O sapateiro somos nós, nós todos que assistimos, impotentes, ao avanço esmagador dos grandes potentados económicos e financeiros, loucos por conquistarem mais e mais dinheiro, mais e mais poder, por todos os meios legais ou ilegais ao seu alcance, limpos ou sujos, correntes ou criminosos. E Apeles? Apeles são esses precisamente, os banqueiros, os políticos, os seguradores, os grandes especuladores, que, com a cumplicidade dos meios de comunicação social, responderam nos últimos trinta anos aos nossos tímidos protestos com a soberba de quem se considerava detentor da última sabedoria, isto é, que ainda que o joelho nos doesse não nos seria permitido falar dele, denunciá-lo, apontá-lo à condenação pública. Foi o tempo do império absoluto do Mercado, essa entidade presuntivamente auto-reformável e autocorrectora encarregada pelo imutável destino de preparar e defender para todo o sempre a nossa felicidade pessoal e colectiva, ainda que a realidade se encarregasse de o desmentir a cada hora.
E agora? Irão finalmente acabar os paraísos fiscais e as contas numeradas? Irá ser implacavelmente investigada a origem de gigantescos depósitos bancários, de engenharias financeiras claramente delituosas, de investimentos opacos que, em muitíssimo casos, não são mais que maciças lavagens de dinheiro negro, de dinheiro do narcotráfico? E já que falamos de delitos… Terão os cidadãos comuns a satisfação de ver julgar e condenar os responsáveis directos do terramoto que está sacudindo as nossas casas, a vida das nossas famílias, o nosso trabalho? Quem resolve o problema dos desempregados (não os contei, mas não duvido de que já sejam milhões) vítimas do crash e que desempregados irão continuar a ser durante meses ou anos, malvivendo de míseros subsídios do Estado enquanto os grandes executivos e administradores de empresas deliberadamente levadas à falência gozam de milhões e milhões de dólares a coberto de contratos blindados que as autoridades fiscais, pagas com o dinheiro dos contribuintes, fingiram ignorar? E a cumplicidade activa dos governos, quem a apura? Bush, esse produto maligno da natureza numa das suas piores horas, dirá que o seu plano salvou (salvará?) a economia norte-americana, mas as perguntas a que terá de responder são estas: Não sabia o que se passava nas luxuosas salas de reunião em que até o cinema já nos fez entrar, e não só entrar, como assistir à tomada de decisões criminosas sancionadas por todos os códigos penais do mundo? Para que lhe serviram a CIA e o FBI, mais as dezenas de outros organismos de segurança nacional que proliferam na mal chamada democracia norte-americana, essa onde um viajante, à entrada do país, terá de entregar ao polícia de turno o seu computador para que ele faça copiar o respectivo disco duro? Não percebeu o senhor Bush que tinha o inimigo em casa, ou, pelo contrário, sabia e não lhe importou?
O que está a passar-se é, em todos os aspectos, um crime contra a humanidade e é desta perspectiva que deveria ser objecto de análise em todos os foros públicos e em todas as consciências. Não estou a exagerar. Crimes contra a humanidade não são somente os genocídios, os etnocídios, os campos de morte, as torturas, os assassínios selectivos, as fomes deliberadamente provocadas, as poluições maciças, as humilhações como método repressivo da identidade das vítimas. Crime contra a humanidade é o que os poderes financeiros e económicos dos Estados Unidos, com a cumplicidade efectiva ou tácita do seu governo, friamente perpetraram contra milhões de pessoas em todo o mundo, ameaçadas de perder o dinheiro que ainda lhes resta e depois de, em muitíssimos casos (não duvido de que eles sejam milhões), haverem perdido a sua única e quantas vezes escassa fonte de rendimento, o trabalho.
Os criminosos são conhecidos, têm nomes e apelidos, deslocam-se em limusinas quando vão jogar o golf, e tão seguros de si mesmos que nem sequer pensaram em esconder-se. São fáceis de apanhar. Quem se atreve a levar este gang aos tribunais? Ainda que não o consiga, todos lhe ficaremos agradecidos. Será sinal de que nem tudo está perdido para as pessoas honestas.
O blog de Saramago aqui
Usha comentou…
Claudio, recebi esta hoje:
Pobreza globalizada
(Redação Carta Capital, 17/10/08)
Os governos dos EUA e da Europa distribuem 5 trilhões de dólares dos contribuintes para um punhado de banqueiros trapalhões e torcem para que eles pensem em consertar os estragos resultantes de suas travessuras.
Segundo o senegalês Jacques Diouf, diretor da FAO, 30 bilhões de dólares anuais – menos de 1% do valor despejado nos bancos – bastariam para recuperar a agricultura nos países pobres e evitar a fome e os conflitos que dela resultarão. Por 40 bilhões, pode-se também comprar 250 quilos de grãos para cada uma dessas pessoas, o suficiente para alimentá-las por um ano.
O escritor José Saramago tem um blog desde setembro. Esta semana ele escreveu:
Pensava escrever no blog sobre a crise económica que nos lançaram para cima quando tive que me dedicar a cumprir um compromisso com outros meios de comunicação. Deixo aqui o que penso e que já foi publicado em Espanha, no jornal Público, e em Portugal, no semanário Expresso.
Crime (financeiro) contra a humanidade
…Crimes contra a humanidade não são somente os genocídios, os etnocídios, os campos de morte, as torturas, os assassínios selectivos, as fomes deliberadamente provocadas, as poluições maciças, as humilhações como método repressivo da identidade das vítimas.
Fotos © Claudio Versiani
O artigo completo de Saramago a seguir.
Aqui a fome no Brasil. Algumas notas são contrabando, como sempre.
Crime (financeiro) contra a humanidade
A história é conhecida, e, nos antigos tempos de uma escola que a si mesma se proclamava como perfeita educadora, era ensinada aos meninos como exemplo da modéstia e da discrição que sempre deverão acompanhar-nos quando nos sintamos tentados pelo demónio a ter opinião sobre aquilo que não conhecemos ou conhecemos pouco e mal. Apeles podia consentir que o sapateiro lhe apontasse um erro no calçado da figura que havia pintado, porquanto os sapatos eram o ofício dele, mas nunca que se atrevesse a dar parecer sobre, por exemplo, a anatomia do joelho. Em suma, um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar. À primeira vista, Apeles tinha razão, o mestre era ele, o pintor era ele, a autoridade era ele, quanto ao sapateiro, seria chamado na altura própria, quando se tratasse de deitar meias solas num par de botas. Realmente, aonde iríamos nós parar se qualquer pessoa, até mesmo a mais ignorante de tudo, se permitisse opinar sobre aquilo que não sabe? Se não fez os estudos necessários, é preferível que se cale e deixe aos sabedores a responsabilidade de tomar as decisões mais convenientes (para quem?).
Sim, à primeira vista, Apeles tinha razão, mas só à primeira vista. O pintor de Filipe e de Alexandre da Macedónia, considerado um génio na sua época, esqueceu-se de um aspecto importante da questão: o sapateiro tem joelhos, portanto, por definição, é competente nestas articulações, ainda que seja unicamente para se queixar, sendo esse o caso, das dores que nelas sente. A estas alturas, o leitor atento já terá percebido que não é propriamente de Apeles nem de sapateiro que se trata nestas linhas. Trata-se, isso sim, da gravíssima crise económica e financeira que está a convulsionar o mundo, a ponto de não escaparmos à angustiosa sensação de que chegámos ao fim de um época sem que se consiga vislumbrar qual e como seja o que virá a seguir, após um tempo intermédio, impossível de prever, para levantar as ruínas e abrir novos caminhos. Como assim? Uma lenda antiga para explicar os desastres de hoje? Por que não? O sapateiro somos nós, nós todos que assistimos, impotentes, ao avanço esmagador dos grandes potentados económicos e financeiros, loucos por conquistarem mais e mais dinheiro, mais e mais poder, por todos os meios legais ou ilegais ao seu alcance, limpos ou sujos, correntes ou criminosos. E Apeles? Apeles são esses precisamente, os banqueiros, os políticos, os seguradores, os grandes especuladores, que, com a cumplicidade dos meios de comunicação social, responderam nos últimos trinta anos aos nossos tímidos protestos com a soberba de quem se considerava detentor da última sabedoria, isto é, que ainda que o joelho nos doesse não nos seria permitido falar dele, denunciá-lo, apontá-lo à condenação pública. Foi o tempo do império absoluto do Mercado, essa entidade presuntivamente auto-reformável e autocorrectora encarregada pelo imutável destino de preparar e defender para todo o sempre a nossa felicidade pessoal e colectiva, ainda que a realidade se encarregasse de o desmentir a cada hora.
E agora? Irão finalmente acabar os paraísos fiscais e as contas numeradas? Irá ser implacavelmente investigada a origem de gigantescos depósitos bancários, de engenharias financeiras claramente delituosas, de investimentos opacos que, em muitíssimo casos, não são mais que maciças lavagens de dinheiro negro, de dinheiro do narcotráfico? E já que falamos de delitos… Terão os cidadãos comuns a satisfação de ver julgar e condenar os responsáveis directos do terramoto que está sacudindo as nossas casas, a vida das nossas famílias, o nosso trabalho? Quem resolve o problema dos desempregados (não os contei, mas não duvido de que já sejam milhões) vítimas do crash e que desempregados irão continuar a ser durante meses ou anos, malvivendo de míseros subsídios do Estado enquanto os grandes executivos e administradores de empresas deliberadamente levadas à falência gozam de milhões e milhões de dólares a coberto de contratos blindados que as autoridades fiscais, pagas com o dinheiro dos contribuintes, fingiram ignorar? E a cumplicidade activa dos governos, quem a apura? Bush, esse produto maligno da natureza numa das suas piores horas, dirá que o seu plano salvou (salvará?) a economia norte-americana, mas as perguntas a que terá de responder são estas: Não sabia o que se passava nas luxuosas salas de reunião em que até o cinema já nos fez entrar, e não só entrar, como assistir à tomada de decisões criminosas sancionadas por todos os códigos penais do mundo? Para que lhe serviram a CIA e o FBI, mais as dezenas de outros organismos de segurança nacional que proliferam na mal chamada democracia norte-americana, essa onde um viajante, à entrada do país, terá de entregar ao polícia de turno o seu computador para que ele faça copiar o respectivo disco duro? Não percebeu o senhor Bush que tinha o inimigo em casa, ou, pelo contrário, sabia e não lhe importou?
O que está a passar-se é, em todos os aspectos, um crime contra a humanidade e é desta perspectiva que deveria ser objecto de análise em todos os foros públicos e em todas as consciências. Não estou a exagerar. Crimes contra a humanidade não são somente os genocídios, os etnocídios, os campos de morte, as torturas, os assassínios selectivos, as fomes deliberadamente provocadas, as poluições maciças, as humilhações como método repressivo da identidade das vítimas. Crime contra a humanidade é o que os poderes financeiros e económicos dos Estados Unidos, com a cumplicidade efectiva ou tácita do seu governo, friamente perpetraram contra milhões de pessoas em todo o mundo, ameaçadas de perder o dinheiro que ainda lhes resta e depois de, em muitíssimos casos (não duvido de que eles sejam milhões), haverem perdido a sua única e quantas vezes escassa fonte de rendimento, o trabalho.
Os criminosos são conhecidos, têm nomes e apelidos, deslocam-se em limusinas quando vão jogar o golf, e tão seguros de si mesmos que nem sequer pensaram em esconder-se. São fáceis de apanhar. Quem se atreve a levar este gang aos tribunais? Ainda que não o consiga, todos lhe ficaremos agradecidos. Será sinal de que nem tudo está perdido para as pessoas honestas.
O blog de Saramago aqui
[música] Conta-gotas
domingo, novembro 02, 2008
[música] Conta-gotas
Leonor
Itamar Assumpção & Naná Vasconcelos
Isso vai dar repercussão (2004)
Devagar com esse andor Leonor
Casamento é muito caro
Sou compositor, cantor, também sou autor
Falo mais de flor que dor, Leonor
Mas não sou Roberto Carlos
Não tenho carro de boi, Leonor
Nem outro tipo de carro
Meu cachê é um horror, Leonor
Não sobra nem pro cigarro
Não tenho nem gravador, Leonor
Meu São Benedito é de barro
Meu menu é feijão com arroz
Que divido com mais dois, Leonor
Quando não falta trabalho
Viver somente de amor, Leonor
É tão lindo quanto precário
Tem que morar de favor, Leonor
Lá no bairro do Calvário
O que eu tinha de valor, Leonor
Dois gatos, três agasalhos
Cachecol de lã gibis do Tarzan
Gibis de terror, cobertor
Quatro jogos de baralho
Um macacão furta-cor, Leonor
Uma colcha de retalhos
O que não está no penhor, Leonor
Foi pra casa do Carvalho
sábado, novembro 01, 2008
[música] Conta-gotas
Assinar:
Postagens (Atom)