sábado, junho 14, 2008

[música] Poesia de Concreto

Tava eu fazendo um bico hoje, distribuindo publicidade de uma agência de viagem, quando chega uma señora e me diz:


- Meu filho me dá um panfleto desse aí. Viajar eu não to podendo, mas com a leitura eu viajo bastante, vou longe…


Tô com a tia!

E isso me fez lembrar de um dos meus primeiros trabalhos aqui na catalunya, onde fazia esse mesmo tipo de trabalho, sempre escutando várias sonoridades. E uma delas marcou aqueles momentos existenciais, que já me fez viajar bastante, ir longe…


Poesia de Concreto – Kamau e Instituto

De cada calçada de concreto da cidade
cada viga que se ergue
cada vida que se segue
cada cidadão persegue a sua cóta lutando pra se manter
marcando a mesma rota lutando pra nunca se perder
pra não perder não ver a cara da derrota estampada na lorota
que faz ponto a cada esquina encostada em algum poste
pronta pra te desviar da sorte
talvez um corte brusco na sua sina
existem uns que seguem na rotina e não enxergam ao redor
reclama e não se posta pra tornar melhor
acha melhor sobreviver só mantendo distância
de cada sonho que crescia na infância
e cada esperança de criança se mistura ao ar impuro inspirado e espirado,
por cada cidadão comum que deixa escorrer a liberdade
na sargeta da calçada de concreto da cidade

[Refrão:]
Dedicada, a cada, poeta da cidade, dedicada, a cada, atleta da
cidade, dedicada a cada ser humano da cidade que cultiva a
liberdade no concreto da cidade


Entre as paredes de concreto da cidade, se esconde o mundo
de quem faz qualquer negócio só pra não ser taxado de vagabundo
sonhos de adultos se decipam por segundo a cada insulto dopatrão
é o culto do faz de conta que eu sou feliz assim
salário no fim do mês é o que conta paga as contas e faz bem pra mim
não é o caso em que eu me encaixo
sonho alto de mais pra viver por baixo igual capacho
e acho que existem outros por aí
que olham pras paredes só pensando em demolir
pra ser livre, mas na real nem sabe como
perdeu toda noção acustumado a viver com dono
não condeno, mas não concordo e não me adapto
fora das paredes mais inspiração eu capto
me sinto apto pra cantar a liberdade
que se esconde entre as paredes de concreto da cidade

[refrão]

Algum teto de concreto da cidade, abriga o restante
da liberdade semelhante a que escorreu pela sargeta da calçada
se escondeu entre as paredes ou partiu pra outra
morreu de fome, frio, sede
pois sem abrigo não há, pra onde voltar
pra poder descansar e pensar
na estratégia pra continuar lutando pra manter a liberdade que se tem
as adversidades não se sabe
de onde elas vem que cara elas tem
pelas mãos de quem vem com ordem de quem alguém me diz
porque eu não posso ser feliz completamente
sem que alguém ou algo tente, tumultuar minha mente
mas eu sigo em frente sempre,
vou nadando mesmo que seja contra a corrente
pra que eu possa construir meu verso meu abrigo, meu teto
pra fazer minha versão da poesia de concreto

[refrão]



6 comentários:

Cito Mello disse...

Poesia?

O Silva disse...

velho...
muito foda essa rima!!!
pra mim que moro em sampa...
faz muito sentido
representô!!!

Zócrulos disse...

Poesia?!

Opa Márcio, contextualizando sua pergunta.

A poesia de concreto aqui mencionada não faz referencia à nossa clássica poesia , como Clarice Lispector, Raquel de Queiroz, Drumond, nem muito menos de algumas mais marginais, como Bucowski, que por sinal aprecio todas essas vertentes. No caso aqui, o rumo dessa prosa vai em direção ao R.A.P (Rhythm and Poetry). Um dos elementos do movimento hip hop, o qual expressa a música em forma de rimas.

Nessa, o poeta rimador retrata as amarras e encoraja à busca da liberdade no cotidiano da selva de pedra, versando em base de métricas e melodías.

Viva os trovadores, poetas, repentistas, rimadores, a poesia e a música!

Abraços!

Cito Mello disse...

Estimado Zocrulos, antes de tudo - sem puxaçao de saco ou hipocrisia -aprecio muito muito tuas postagens. E conheço bem as bases elementares do hip hop = ritmo e poesia. E acho louvavel e necessario que a poesia sobreviva ao inutil academicismo e ganhe as ruas, os becos, as favelas e sirva de motor ético e estético pra todos nós, habitantes das babilonias contemporaneas. Só que a letra Zocrulos...é muiito ruim...
"dedicada a cada atleta da cidade.." atleta? Poeta?
Bom, nao é uma questao de gosto e sim de estética. Talvez tenha sido antipatico em dar minha opiniao e te peço desculpas,irmao, porque afinal viva a poesia e os poetas em geral!! abraço irmao!

Zócrulos disse...

Tranquilao, essa é a nossa casa, sua e de todos..espaço aberto do diálogo, do livre pensar...

E continue mandando ver nas séries, que sao muito boas, sempre dou uma bizoida, bastante conteúdo interessante. Admiro a produtividade.

Vou pegar uma água ali, curta a casa, fica à vontade, nós vemos nos próximos capítulos...

Abraços

Cito Mello disse...

Porra Zocrulos, sabias palavras!! viva a liberdade, a tolerancia e a harmonia entre todos nós!! VOCE é o grande poeta!!!
abraços!