Pra quem ainda acha que palhaço de circo só sabe dar cambalhota e cair de bunda no chão, este é o cara que vai te fazer mudar de idéia. Leo Bassi é um palhaço italiano que vem revolucionando há anos os espetáculos do gênero. Suas performances, carregadas de humor cítrico, são garantia de teatro lotado em toda a Europa e começam a fazer sucesso também no resto do mundo.
Faz uns cinco anos, vi, no Festival de Circo do Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, uma apresentação (que não lembro o nome), que viria a mudar o conceito de palhaço que eu tinha até então.
Sentada na platéia, vi como Bassi bombardeava – literalmente – seu público com uma espécie de “arma”, fabricada por ele, à base de latinhas de Coca-Cola. Vi também como conseguiu convencer, com a ajuda do público, um dos presentes a cortar a logo da Adidas de sua camiseta (que não devia ter custado menos de R$70,00), alegando que o império capitalista era uma ameaça. Para, depois, rir da cara do dono e chamá-lo de manipulável. E, finalmente, vi Bassi rir – descaradamente, não dessa maneira politicamente correta como fazemos a maioria – dos Estados Unidos, da Igreja Católica, da Igreja Muçulmana, da Igreja Budista, do golfe (é, do golfe, aquele esporte playboy antiecológico), dos políticos e de tudo mais que é dogmático, dominante ou monopolizador no mundo.
Bassi já foi preso 11 vezes pelas suas críticas sociais, que, dentre outras coisas, foram classificas de pró-terroristas ou violentas ao pudor. Em Nova York, por exemplo, é persona non grata em vários teatros. E está proibido de entrar, até o fim de sua vida, no prestigioso Anne Tyler Hall do Lincon Center, por comer merda no palco durante uma apresentação. Na capital espanhola, alvo do espetáculo "Viaje a lo peor de Madrid", foi ameaçado de morte diversas vezes. O último episódio desta história foi a prisão de um homem, minutos antes de Leo subir ao palco para representar "A Revelação", que tentava colocar uma bomba no teatro.
Mesmo assim, Leo não pára. E cada vez assume mais seu lado bufão (no sentido mais puro da palavra). Suas obras são obras de teatro. Mas mais que isso. Antes de tudo, ele é um palhaço que dá o seu show mesmo fora das arenas. Abusa de todos os artifícios pastelões que um artista da classe tem direito (como as clássicas tortadas), mas sem se parecer a um Jackass. Bassi é engraçado, quase infantil nas suas palhaçadas, mas um monstro no seu conteúdo. É daqueles que acha que, se o mundo está TODO errado, não vamos nos conformar com o “menos pior”, vamos meter a boca geral e nos rebelar contra TUDO, absolutamente TUDO.
"Homem Bomba", obra teatral criada e dirigida por ele, está sendo representada esses dias no Brasil pela companhia Teatro do Anônimo. Sei que, do 16 ao 31 de dezembro, ele vai estar pela América do Sul com “A Revelação”, seu mais novo projeto. Quem tiver a chance de ir, não duvide. Como ele mesmo diz sobre seus trabalhos, "muitos podem não gostar, e inclusive se assustar, mas todos têm que reagir".
Mais info em www.leobassi.com
No link “archivo” tem um histórico interessantíssimo das suas attitudes anti-sistema.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
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